17 Outubro 2013
Não é necessário folhear exaustivamente o relatório do orçamento de estado para 2014 para perceber o que nos espera no próximo ano. Basta abrir o documento pdf de 237 páginas e fazer correr um software de contagem de frequência de palavras.
Desengane-se quem pense que nos esperam cortes intermináveis. Na verdade, a palavra CORTE surge apenas 5 vezes ao longo do relatório, sendo que uma delas se refere à tributação do tabaco de CORTE fino.
Resumindo, este governo não executa cortes. Este governo poupa. A palavra POUPANÇA destaca-se no relatório 59 vezes. Mais especificamente, são 3,9 mil milhões de euros de poupanças em ordenados e pensões, aproximadamente metade do que vamos pagar só em juros aos nossos credores durante o ano de 2014. O relatório não é apenas um excelente manual de instruções de poupança, mas acima de tudo um resumo bem elaborado das políticas que nos impingiram nos últimos anos. Com o resultado que se conhece. Vejamos.
POUPANÇA não é a única palavra de ordem do relatório. DIMINUIÇÃO é referida 78 vezes e REDUÇÃO destaca-se em 296 repetições. DIMINUIÇÃO da esperança na RECUPERAÇÃO (38 vezes), talvez. REDUÇÃO na capacidade de CRESCIMENTO (119 vezes), com certeza. Não há muita ESPERANÇA (6 vezes), mas ironicamente temos bastante INVESTIMENTO (102 vezes) e TRABALHO (72 vezes). O enorme ESFORÇO (57 vezes) a que todos têm sido submetidos não tem gerado RIQUEZA (2 vezes). Os IMPOSTOS (73 vezes) são altos, os ENCARGOS (101 vezes) das famílias continuam elevados. No entanto, parece que quase não existe ESTRATÉGIA (15 vezes). O DESEMPREGO (81 vezes) continua alto, as CONTRIBUIÇÕES (45 vezes) não param de crescer, a DÍVIDA (208 vezes) é um enorme peso. Chovem RECEITAS (182 vezes) com escassos RESULTADOS (32 vezes). Invadem-nos com MEDIDAS (320 vezes) sem PROVEITOS (3 vezes).
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