escritos de Pedro Silva

O melhor povo do mundo

8 Julho 2013

Hoje comemora-se o 11 de Julho de 2013, em que se assinala a passagem de 1 ano sobre o 11 de Julho de 2012, data em que se festejou o 1º aniversário do 11 de Julho de 2011. Se tudo correr bem, daqui a precisamente 1 ano estaremos a celebrar o 11 de Julho de 2014. E para concluir o tema “efemérides que não nos dizem absolutamente nada”, hoje comemora-se o 4º dia desde que estas linhas foram escritas.

Algo de profundamente insignificante se terá passado nestes últimos 4 dias, desde domingo passado, 7 de Julho de 2013, até hoje, quinta-feira, 11 de Julho de 2013. Com certeza nenhum dos dias ficará marcado como um ponto de viragem na vida dos portugueses, mantenha-se ou não a rapaziada em funções no governo. Já pouco importa. Simplesmente, estes 4 dias e os 4 anteriores marcam inequivocamente o ponto a partir do qual poderemos de uma vez por todas afirmar com a clareza, paz de espírito e calmaria nos mercados que caracterizam o dia em que escrevo estas linhas: não há quem nos governe.

Durante muitos anos vivi na ilusão que tudo se resumia a uma questão de sorte. Que mais dia, menos dia, haveria de chegar uma figura carismática que nos levasse a bom porto. Que seria uma questão de tempo até nos sair a sorte grande. Como na raspadinha. Raspar e ver o que sai. Um dia há-de sair um dos bons!

Saiu Cavaco e Cavaco saiu, acabado. Saiu Guterres e Guterres saiu, enterrado. Saiu Barroso e Barroso saiu, empossado. Saiu Santana e Santana saiu, escorraçado. Saiu Sócrates e Sócrates saiu, arrumado, empurrado e emigrado. E no momento mais dramático da nossa história recente, naquele momento em que mais do que nunca precisávamos de um milagroso golpe de sorte… raspamos e sai-nos a pior combinação possível: um rapazola, um moço de recados e um garoto.

Passados todos estes anos, esfumou-se o factor sorte da equação. Não é sorte. É falta de jeito, coragem e audácia. De moral, ética e honra. Está nos nossos genes, na nossa cultura, no nosso fígado, coração e outros órgãos vitais, escrito a letras garrafais no prólogo da nossa história: não sabemos tomar conta de nós próprios. Simplesmente, e perdoem-me a crueldade… não nascemos para isto. Somos excelentes a eleger governos e rápidos a correr com eles. Somos bons a jogar à bola, a cantar o fado e a fazer bolos gigantes. Fomos uns navegadores destemidos. Descobrimos meio mundo. Somos campeões na fuga aos impostos e da conquista de benefícios sociais vitalícios. Temos os melhores bigodes do mundo. Somos detentores do record europeu do maior espadim azul pescado. Ganhamos um ou outro prémio Nobel, derrotamos um ou outro tenista do top 10, batemos um ou outro record do Guiness. Somos do melhor a organizar eventos, desde o europeu de futebol ao jantar de grupo da turma de 93. Somos bons a comer muito, a construir muito, a gastar muito. Somos sentimentais, mansos anarquistas e tristemente pacifistas. Somos o melhor povo do mundo. Como disse Júlio César, “os lusitanos não se sabem governar, nem deixam que os outros os governem”. Vinte e dois séculos mais tarde, está mais certo do que nunca.

já que aqui estás