10 Abril 2013
Como toda a gente sabe, há duas maneiras de encher uma banheira com um boneco de plástico no seu interior. A primeira é ir enchendo a banheira normalmente, ignorando literalmente a presença do boneco de plástico no seu interior. A segunda é ir enchendo a banheira, efectuando investidas de chuveiro contra o boneco de plástico, obrigando-o a lutar contra um iminente afogamento.
Pois bem, há dias a minha filha apanhou-me a encher a banheira. Não da maneira adulta e segundo a convenção de Genebra, mas de chuveiro na mão, efectuando investidas contra um super-homem de plástico, esquecido no seu interior. Soltou um suspiro prolongado e ao mesmo tempo que o super-homem implorava clemência por entre dois pirolitos, exclamou, do alto de toda a sua maturidade de 7 anos e meio: “oh pai, que infantil!”. Ao que eu respondi, no seguimento da infantilidade que o momento entretanto exigira: “quem o diz, quem o é, cala a boca, jacaré”.
Nesse mesmo dia circulava pelas redes sociais um vídeo de apenas 14 segundos, com um grau de infantilidade muito semelhante ao episódio anterior
Os primeiros 5 segundos mostram António José Seguro a reafirmar a sua disponibilidade para substituir o governo. Sem tempo para suspiros, a jornalista, do alto de toda a sua maturidade, faz a pergunta que se impunha: “e como é que se vão substituir estes mil e duzentos milhões de euros [que o TC chumbou]?”. Ao que o menino Tó Zé responde, com ar de quem acaba de descobrir o elixir da juventude eterna: “quem cometeu o erro e quem criou o problema que o resolva”.
Estamos assim na presença de um potencial futuro primeiro-ministro, supostamente preparado para substituir o actual governo, mas indisponível para resolver os problemas entretanto criados pelo futuro ex-primeiro-ministro. António José Seguro aspira governar o país. O menino Tó Zé só quer um poleiro. António José Seguro sonha tornar-se líder do povo. O menino Tó Zé imagina-se apenas como o rei dos gazeteiros. António José Seguro grita “demitam-se!”. O menino Tó Zé lamenta-se “assim não brinco…”.
Não basta ser líder da oposição para se chegar a primeiro-ministro. Assim como não me basta fazer brincadeiras na água com um super-homem de plástico para me tornar director executivo da Toys”R”Us.