13 Junho 2013
“Estamos no ano 50 antes de Cristo. Toda a Gália foi ocupada pelos Romanos… Toda? Não! Uma aldeia povoada por irredutíveis gauleses ainda resiste ao invasor.”
Estamos no ano 2013 depois de Cristo. Todo o país foi ocupado pela crise… Todo? Não! Uma cidade povoada por irredutíveis surfistas ainda resiste ao invasor. Peniche transformou-se, desde a chegada em 2009 do circuito mundial do surf, na cidade que vive em contraciclo económico com o resto do país. Estima-se que na última edição os turistas que assistiram ao evento tenham gastado no município qualquer coisa como 7 milhões de euros. No resto do ano, a cidade não pára de respirar surf. Cafés, restaurantes, lojas, hostels e hotéis adaptaram-se à onda e as infraestruturas não param de crescer. Empresários australianos pressionam a autarquia para aprovar um projecto temático – piscina de ondas artificiais – estimado em 170 milhões de euros. Em construção está um surf camp de luxo orçamentado em 1,5 milhões de euros. O comércio e a restauração registam crescimentos na ordem dos 30%. Tudo isto numa cidade de 15 mil habitantes e que já conta com perto de 50 – cinquenta! – escolas de surf.
Um pouco mais a sul, na Ericeira, está uma pequena vila invadida também pelo surf, conhecida no meio pelas suas ondas perfeitas. O facto de ser pequena não impede que por lá esteja instalada uma loja da Quicksilver com mais de 500m2. E ao lado, um skate park público com 1200m2. Tal como em Peniche, a Ericeira passou a olhar de outra forma para o turismo do surf.
Na Nazaré, a onda gigante começa a tomar forma. A pequena economia local promete disparar brevemente. Está em construção um Centro de Alto Rendimento do Surf, num investimento de 800 mil euros. No dia em que McNamara surfou a onda gigante, passaram pelo Sítio da Nazaré cerca de 8.000 pessoas. O potencial mediático do fenómeno é estimado em 10 milhões de euros.
Mais a norte, na praia do Cabedelo, por onde já passou o tal circuito mundial que transfigurou Peniche, há uma onda ameaçada devido à extensão do molho norte em 400 metros. Poucos quilómetros a norte, no Cabo Mondego, somos contemplados com a onda mais comprida da Europa. A Janga, uma marca figueirense, concebeu recentemente o primeiro fato de surf adaptado do mundo. Temos em Gonçalo Cadilhe o embaixador perfeito. Em Miguel Figueira, um comunicador nato (https://soundcloud.com/jos-lu-s-sousa/caf-nicola-com-miguel-figueira#new-timed-comment-at-2448826) e na sua equipa um enorme exemplo de cidadania.
Ontem já era tarde para atacar com unhas e dentes o potencial de um turista com grande poder de compra. A porta está mesmo aqui ao lado. Alguém que ceda a chave!