escritos de Pedro Silva

Sempre sopa, sempre sopa!

20 Junho 2013

Quis um delicioso destino que há dias me cruzasse com uma receita de sopa de alho francês. Entusiasmado com a expectativa que a primeira concepção de uma sopa de alho francês gera na vida de um tipo a fazer a sua estreia no maravilhoso mundo das sopas, tarde dei conta que as quantidades indicadas na receita eram apropriadas para um exército de 12 pessoas. Aquilo que teriam sido duas ligeiras refeições de sopa de alho francês transformaram-se numa inesperada “semana da sopa de alho francês”, que hoje tem a sua festa de encerramento com uma ementa constituída por costeletas grelhadas com arroz de feijão, antecedidas por, adivinhe-se… uma sopa de alho francês.

Enquanto escrevo estas linhas, respiro sopa de alho francês por todos os poros. Os meus pais safaram-se à sopa com uma estratégica escapadela para sul. O gato cheirou a sopa e ignorou a sopa. Os miúdos, esses, foram apanhados a meio do festival e não escaparam à sopa.

Para convencer o mais novo a ingerir uma sopa de alho francês foi preciso explicar-lhe que depois de comer uma sopa de alho francês, ficaria a falar francês como gente grande. Mentirinha, pois claro. Depois de usar e abusar da “semana da sopa de alho francês”, o meu francês está pior que nunca. As minhas indicações para fazer chegar uma família de franceses à praia de Buarcos continuam um desastre. Mesmo quando o turista que me é enviado não é da França, o meu português, inglês ou simplesmente as minhas capacidades de guia turístico são manifestamente insuficientes para satisfazer o turista não francês. O que me deixa perante algumas dúvidas. É só de mim ou também da cidade? Estamos preparados para responder às necessidades de quem nos visita? Existe algum plano estruturado para os receber? Temos comunicação suficiente espalhada pela cidade? A prioridade será colocar a cidade no mapa ou colocar um simples mapa na cidade? Existe algum tipo de articulação com hotéis, restaurantes ou simples estabelecimentos comerciais? Sabemos o grau de satisfação dos nossos turistas? Sabemos indicar-lhes pontos de interesse? Sabemos o que procuram? Sabemos cativá-los a voltar? Temos a mesma sopa de sempre para lhes dar ou conseguimos pensar uma ementa completa e variada?

já que aqui estás