1 Maio 2013
Depois do buraco da Madeira e do buraco do BPN, entre outros buraquinhos que todos os juntos formam um buraco bem jeitoso, surgiu em Abril passado mais um potencial buraco para somar às já de si esburacadas contas públicas: o buraco dos swaps, com um potencial custo de aproximadamente 3 mil milhões de euros a pairar sob os nossos cofres.
Duas reacções apoderaram-se de mim. A inevitável “Três mil milhões???!!!” e a enigmática “O que raio é um swap? Algum ser alienígena que nos anda a roubar os recursos?”. Fui investigar. A resposta estava no quiosque que assaltei na passada manhã de domingo, sem ninguém desconfiar, mais precisamente no interior do melhor semanário português (o Público de domingo), e pela voz de Helder Mourato. Perante tamanha dificuldade em explicar tão complexo instrumento financeiro, vou poupar o leitor aos termos técnicos da engenharia financeira e dar o meu melhor em termos sexuais.
Sandra e Rodrigo são um casal maduro, moderno, descomplexado, sexualmente activo mas a precisar de novas e ousadas experiências. Rodrigo conhece um jovem casal, moderno, descomplexado, sexualmente activo mas as precisar de novas e ousadas experiências – ela é linda de morrer, ele é um trambolho de 123 quilos. Rodrigo propõe-lhes um swing, que é aceite sem reservas. Rodrigo conta a novidade à jovem esposa, que cede ao desafio. Sandra sobrevive à traumática experiência, com a auto-estima e a libido em farrapos. Rodrigo sai em ombros, às cavalitas de um ego gigantesco. O casamento acaba mal. Com disputas em tribunal e filhos a sofrer.
O swap é um swing cheio de boas intenções que corre mal para uma das partes. O Rodrigo é uma instituição bancária, perfeitamente conhecedor da sua área de negócio, à espreita de uma boa oportunidade. A Sandra é uma empresa pública, imprudente e mal gerida. Os filhos deste aventureiro casal somos todos nós.
Vamos agora à parte chata da matéria, meus irmãos. Tecnicamente falando, o swap de um taxa de juro é um contrato baseado num empréstimo que a Sandra contraiu. À Sandra poderá interessar pagar uma taxa de juro fixa em vez de indexada à Euribor, porque a Sandra é muito espertinha e pensa que a taxa Euribor irá subir. O Rodrigo é mais espertinho que a Sandra e está convicto do contrário. Sandra perde a aposta e é obrigada a passar umas noites com o trambolho de 123 quilos. Em apostas mais afoitas, como são os swap exóticos, Sandra poderá passar umas noites com um trambolho de 123 quilos do Nepal.
E assim se vai brincando e especulando com o dinheiro dos nossos impostos, com a impunidade tão característica do nosso país, enquanto a dívida pública caminha para os 123% do PIB e as medidas de aust…- “Alguém falou em caminha?…”, pergunta Rodrigo.