23 Janeiro 2014
Desconheço em absoluto as razões, mas decididamente, nas últimas semanas, este belo país à beira-mar plantado transformou-se num lugar estranho. Um lugar estranho onde acontecem estranhos fenómenos.
Não sei bem por onde começar. Talvez cronologicamente, por uma tragédia ocorrida há cerca de um mês. Seis estudantes são arrastados para a morte por uma onda na praia do Meco, às tantas da manhã, onde supostamente estariam a meio de uma praxe mais arriscada. Supostamente, porque o único sobrevivente, um mês depois do trágico acontecimento, se encontra a contas com uma tal de amnésia selectiva e sente-se assim incapaz de relatar o que realmente se passou. Não para que o povo sacie a sua curiosidade, não para encontrar culpados, mas porque as famílias dos jovens falecidos assim o merecem e para que possam atenuar um pouco a sua dor. Amnésia selectiva? Lugar estranho este…
Na JSD, um bando de iluminados, ávidos de protagonismo e de um aproveitamento político atroz, sabe-se lá a mando de quem, decidiu propor a referendo (posteriormente aprovado na Assembleia da República após uma evidente violação de consciência individual de vários deputados) a questão da co-adopção de crianças, travando assim a votação final da lei referente à mesma matéria, aprovada na generalidade em Maio de 2013. Lugar estranho, este…
Na Fundação de Serralves, no Porto, o ministro da economia, António Pires de Lima, diz qualquer coisa como “Uma boa parte da investigação é financiada por dinheiros públicos e não chega à economia real. (…) Não é possível alimentar um modelo que permita à investigação e à ciência viverem no conforto de estar longe das empresas e da vida real”. E com estas palavras tenta justificar, do conforto que o seu lugar merece, a redução drástica no número de bolsas atribuídas. E com esta decisão continuaremos a exportar conhecimento, até não sobrarem mais cérebros, até que deixe de haver economia e vida real neste país, como se a investigação não precisasse das empresas e as empresas não precisassem de investigação. Lugar estranho este…
Na Figueira da Foz, após solicitação do líder da oposição, um contrato entre o Hospital Distrital da Figueira da Foz e a Figueira Parques relativo ao parque de estacionamento instalado nos terrenos do Hospital, andou duas semanas perdido entre a administração da Figueira Parques e o gabinete do chefe de gabinete da presidência da CM, devido a uma “falha de comunicação”, até que horas depois de noticiado na imprensa o incompreensível atraso, lá chegou ao seu destino, por email, certamente com um carimbo de transparência como anexo. Lugar estranho, este…