9 Maio 2013
Boas notícias para o país. Regressámos aos mercados! Fomos aos mercados aumentar a nossa dívida em 3 mil milhões de euros e o ministro das finanças rejubilou com o êxito da operação. Nada contra. Um sucesso no meio de inúmeros falhanços é digno de se celebrar. E uma alternativa a um segundo resgate é um passo importante para recuperar a soberania perdida. Festejemos, então, com toda a pompa e circunstância que o momento exige.
Mas soube a pouco. Foi uma espécie de vitória por 1-0 com um golo irregular. Um passo de gigante seria mandar Paulo Portas ao mercado, e depois de 1001 beijinhos, vê-lo sair de braço dado com uma peixeira como nova ministra das finanças. Uma peixeira sabe fazer contas. Não terá excel mas não lhe falta o lápis atrás da orelha. Uma peixeira conhece o mercado. Não o mercado financeiro, mas o mercado do povo, aquele onde a sensibilidade pela aflição do próximo é real. Para a peixeira não há fórmulas complexas, há meio quilo de robaletes. Não há previsões nem astrologia barata, há pescado, vendido e comido.
Colocar uma peixeira no lugar de ministro das finanças é um exercício, no mínimo, delirante. Tão delirante como afirmar qualquer coisa como “É muito mais bonito quando se olha para o ajustamento de Portugal”. Se já tínhamos sido apanhados a meio de um concurso sobre o maior disparate saído das bocas de quem nos governa, tudo leva a crer que o importante agora é ganhar um concurso de beleza, cujo slogan será algo como “o meu ajustamento é mais bonito que o teu, irlandês de uma figa!”. Às palavras acima, proferidas há 2 dias pelo senhor Gaspar num evento organizado pelo Gabinete Europeu dos Conselheiros de Política da Comissão Europeia (haverá gabinete mais pomposo?), seguiram-se outras a propósito do grande contributo que tem sido dado pela secagem e emagrecimento do sector privado, o mesmo processo que tem conduzido à falência de empresas e à explosão do desemprego: “O ajustamento do sector privado foi notável, exactamente como foi previsto”. Mais do que um concurso de disparates, mais do que um concurso de beleza, estamos perante um baile de máscaras. Dos maus. Delírio por delírio… Rosa Amélia nas finanças! Já!