escritos de Pedro Silva

22 Agosto 2013

Em Fevereiro de 2012, Passos Coelho defendia assim a lei de limitação de mandatos autárquicos: “(…) impedir que um presidente de câmara ou de junta se tendesse a perpetuar à frente desse órgão, na medida em que dispõe de recursos importantes que podem criar uma situação de favor que aquele eleitorado em concreto se pode ver na necessidade de retribuir pela eleição”. Ou eu não sei interpretar frases ou Passos Coelho quis dizer qualquer coisa como “Caros amigos e inimigos autarcas, vocês sabem que eu sei que uma imensa minoria sabe que uma boa maioria da nossa classe está no poleiro para servir lóbis e interesses instalados, recorrendo ao clientelismo, ao favorecimento lícito e ilícito, e à corrupção. Como tal, vamos aqui lançar um mecanismo para dar a ideia que somos gente séria e honesta, já que o melhor povo do mundo não vos consegue tirar daí através do voto”.
Não consigo esconder a minha posição em relação a esta matéria. Limitar o número de mandatos é mascarar a democracia. Mas já que estamos numa de brincar à democracia, a minha proposta para afastar determinados candidatos tomaria um sentido bem mais justo, não deixando de ser eliminatório. Vamos a isto.

Cada candidato seria obrigado a apresentar um programa detalhado para o seu possível mandato. Não estamos a falar de propostas abstractas do género “ah e tal e coiso vamos fomentar o emprego e o turismo também”. Nada disso. Queremos propostas concretas. “Vamos criar o programa de apoio AJSIURTDGT que vai gerar 12 novos empregos!”, “Prometemos investir 238 mil euros na promoção turística no estrangeiro!”. “Vamos colocar uma tabuleta junto ao espelho de água a proibir a banhoca! (e já agora meia dúzia de caixotes do lixo)”. Cada promessa, cada proposta, teria um peso atribuído pela própria candidatura. Quanto mais importante, do ponto de vista da candidatura, maior o peso, permitindo aos eleitores aferir das prioridades e da importância que cada candidato atribuía às suas promessas.
Queremos que estudem os dossiers a sério, queremos que saibam o que faz falta, queremos que tenham um conhecimento exaustivo de cada canto do concelho, queremos que o façam todos os dias e não apenas a 3 meses das eleições, queremos que usem adequadamente os dinheiros públicos que são atribuídos aos partidos.
No final do mandato cá estaríamos para avaliar o desempenho dos senhores autarcas. Cumpriu? Não cumpriu? Quanto? 70%? Não chega. “Lamento muito, senhor autarca, mas o programa que o senhor apresentou, e que chumbou na avaliação final, impede-o de concorrer às próximas eleições, neste ou em qualquer outro concelho. Obrigado por tudo e até à próxima”.

Não passa de uma enorme utopia, mas que era bonito, era.

já que aqui estás