escritos de Pedro Silva

Aulas de preparação pré parto para o pós parto

19 DE DEZEMBRO DE 2007

É a pergunta mais frequente que se faz a quem está próximo de ser pai: “Então, pá? Estás preparado?”. Que mande a primeira pedra aquele que responde sem hesitar “Sim, sem dúvida!” ( O senhor aí atrás! Largue esse calhau e vá para casa ajudar a esposa a cuidar dos seus 13 filhos! ).

É impossível um pai estar preparado para receber um piolhito de 3 quilos, por uma razão assustadoramente simples: o próprio piolhito não está preparado. Vem por vestir, chora que nem gente grande (pode vir a ter muitas razões para o fazer, mas toda aquela choradeira é um exagero para quem recebe tantas atenções), exige alimento de duas em duas horas, borra-se de três em três, e, em vez de aproveitar o tempo livre para fazer algo de útil… dorme, dorme, dorme até se cansar. Não se pode dizer que seja um inferno, mas enquanto este ciclo não abranda, não se trata propriamente de uma experiência entusiasmante.

É por isto que, não sendo contra as aulas de preparação para o parto – é tudo muito bonito, vai tudo correr muito bem, é giro e está na moda o pai ser envolvido no processo – sou da opinião que na sala ao lado daquela onde estão as mães a praticar estranhos rituais de respiração e a dar de mamar a bonecos, devia estar um instrutor a explicar ao futuro pai como lidar com o pós parto. Por exemplo, eu gostaria muito de saber se é permitido ao pai fingir-se de morto durante o sono. Em caso afirmativo, aqueles abanões nocturnos que a progenitora inflige no pai entram ou não na categoria “violência doméstica”? Se um pai não pode dar mama, se é fortemente criticado quando deixa uma bochecha do rabo fora da fralda (do bebé, entenda-se), se é incapaz de diferenciar um body de um baby-grow, e se não obtém resultados satisfatórios na hora do piolhito arrotar, então expliquem-me lá por favor: quem foi o génio que permitiu que um pai possa “gozar” a licença de paternidade no lugar da mãe?

já que aqui estás