28 Setembro 2013
A 21 de Setembro de 2011, depois de um convite endereçado pelo vereador da cultura da autarquia António Tavares a Ana Borges, presidente da Associação Corpo de Hoje, foi assinado um protocolo entre a CMFF e essa mesma associação. A associação comprometia-se a: promover e coordenar o ensino da dança, para além de residências de criação artísticas; dinamizar oficinas relacionadas com a matéria artística; criar espectáculos de dança; colaborar, sempre que solicitada, com a equipa de programação. Por seu lado, a CMFF comprometia-se a permitir a utilização das instalações do CAE e de meios técnicos, à disponibilização de recursos humanos, à cedência de parte das instalações da Quinta das Olaias, e divulgação de todas as suas actividades. Tudo perante algumas condições e outras tantas contrapartidas financeiras, num protocolo demasiado ambíguo, sem objectivos quantitativos e com demasiadas pontas soltas por onde pegar.
Decorreu o ano lectivo 2011/2012 e o protocolo foi automaticamente renovado a 21 de Setembro de 2012. Decorreu o ano lectivo 2012/2013 e o protocolo foi automaticamente renovado a 21 de Setembro de 2013. Dias mais tarde, com cerca de 70 inscrições na escola de dança e com o ano lectivo 2013/2014 a arrancar, começam a surgir os primeiros sinais que a autarquia pretende cancelar o protocolo em vigor. Ora, podendo qualquer uma das partes resolver o protocolo até 60 dias antes da sua renovação automática, ficam as questões que se impõem.
O que se passou entre 21 de Julho e 21 de Setembro que tenha obrigado a autarquia a denunciar o protocolo? O que se passou de tão grave em dois meses para que depois de dois anos lectivos a associação deixasse de servir? O que se passou para que houvesse a necessidade de interromper o funcionamento de uma escola já com o ano lectivo em andamento? O que se passou para que, ao ser quebrado o protocolo, se viva neste momento uma situação caricata na escola de dança, onde continua a leccionar uma professora, recrutada por uma associação impedida de continuar a frequentar as instalações do CAE? O que se passou para que exista neste momento um clima de incerteza nos alunos e encarregados de educação da escola? O que se terá passado para que dois anos depois do pedido de demissão de Rafael Carriço – ex-director artístico do CAE e da escola de artes – se volte a viver um clima de crispação na vertente cultural desta cidade, com as inevitáveis desconfianças futuras que os cidadãos não deixarão de sentir?
Não vou questionar as questões jurídicas ou legais, que ultrapassam os meus conhecimentos. Não vou entrar na lavagem de roupa suja. Questiono sim o timing e o modus operandi do processo de ruptura, porque é isso que os figueirenses exigem da câmara mais transparente do país.