12 Setembro 2013
Não consigo recordar ao certo. Teria talvez uns 15 anos. Percorri uma filada de livros na estante e fixei o olhar no de lombada amarela. O título captou a minha atenção. Parecia acasalar na perfeição com a rebeldia própria da adolescência. “Crónica dos bons malandros”. De um tal Mário Zambujal. E Zambujal era um nome com pinta suficiente para merecer o meu interesse! Retirei-o da estante e li-o em três tempos. Não terá sido certamente o melhor livro que já li. Mas foi, de longe, e para sempre, o mais marcante. Não recordo sequer o nome das personagens, tenho apenas uma vaga ideia do enredo, fugiu-se-me da memória como termina. Sei apenas, pela nítida recordação do entusiasmo vivido na leitura, que estará para sempre assinalado na minha vida como “o livro!”. Em todos estes anos tenho resistido estoicamente em dar-lhe nova leitura. Sei que nunca o farei. Seria como roubar um momento que deverá perdurar, sem nunca ser alterado. Está ali, foi vivido, devidamente apreciado e jamais será beliscado.
Há momentos marcantes. Fases marcantes. E pessoas marcantes. O sucesso da vida de cada um de nós será a soma de todos esses pedaços, vividos com e para outros. Cabe a cada um colocar uma assinatura nesses momentos, fazê-lo prevalecer positivamente, e marcar a vida de outrem.
Somos todos heróis. De uma forma ou outra, somos ou fomos importantes para alguém. Marcamos momentos. Marcamos pessoas. Mário Zambujal foi para mim um pequeno herói. Tenho muitos mais e muito mais importantes. Mesmo que de uma forma quase anónima, há heróis que merecem ser lembrados todos os dias. Para os que foram, para os que são, para os 8 que deram a vida… a minha sentida homenagem.