escritos de Pedro Silva

18 Julho 2013

Tenho recebido, durante as últimas duas décadas, o maior, mais completo e mais diversificado conjunto de estrondosas ofertas com que um homem pode sonhar. A concretizarem-se todas, provavelmente não estaria agora aqui a escrever estas linhas, mas sim numa qualquer ilha paradisíaca, rodeado de marisco, champagne e mulheres bonitas, precisamente por esta ordem. Acontece que os promotores do “enlarge your pennis” exageraram no feito a que se propuseram e desapareceram do mapa, e os tipos da Nigéria que nos prometeram 21 milhões de dólares a troco de um pequeno depósito inicial, já só conseguem enganar uma em cada 947 triliões de pessoas, números insuficientes para manter o esquema.


O spam no nosso correio electrónico não abrandou. Apenas se tornou mais realista e ajustado aos tempos difíceis que vivemos. Já não podemos sonhar com a tal ilha. Mas recebemos ofertas com 95% de desconto, regalias vitalícias e amostras gratuitas que depois nos levam a umas merecidas férias nas Caraíbas. Não corra para abrir o seu email, caro leitor. Se quer mordomias, trabalhe para isso. O spam não é para ser levado a sério. Quanto muito, servirá de introdução a uma qualquer crónica. Como esta.
O Miguel e a sua equipa estão a fazer um excelente trabalho de campo. Chamem-lhe campanha, pré-campanha, reconhecimento do terreno ou interesse mascarado de voto, o Miguel está a ir ao encontro das entidades, associações e pessoas deste concelho. O Miguel e a sua equipa estão a fazer um excelente trabalho na comunicação directa com os eleitores (sim, nesta altura do campeonato somos eleitores com o poder do voto, para todos os efeitos e para todos os candidatos), seja através das redes sociais ou de boletins informativos impressos. Tiro o meu chapéu à estrutura e estratégia montadas.


Não estraga tudo, mas borra a pintura: os gigantescos painéis espalhados pela cidade são spam. O painel gigante está lá para ludibriar o receptor. Fere a vista e estraga a vista. Não é publicidade nem informação. Não acrescenta nada de bom à estética da cidade nem ao interesse do cidadão. É caro. É feio. E promete passar ali o verão. É spam.
O Miguel quer uma cidade bonita. E o que faz? Distribui pela cidade gigantescos painéis com a sua imagem. É óptimo termos a auto-estima elevada, mas o estado em que estamos exige discrição e contenção. Desconheço o que o painel gigantesco dirá ao meu subconsciente. Mas sei o que a minha consciência diz. É spam.

já que aqui estás