escritos de Pedro Silva

sobre o fiambre

Há mais um hipermercado a caminho da Figueira e já ninguém me tira da cabeça que esta proliferação ininterrupta de hipermercados pela cidade não é mais que uma experiência piloto, um reality show para uma audiência global capitalista ávida de melhor compreender o comportamento consumista da nossa sociedade. Se assim for, caro concidadão, são boas notícias. Se perdemos o título de rainha das praias, que sejamos reconhecidos no mapa como primeira cidade anfitriã do Hipermercados sem Fronteiras.
Como compreender esta avalanche de hipermercados?
Do ponto de vista do investidor significa  mais posicionamento, mais facturação, mais património.
Para o consumidor haverá maior leque de escolha, mais variedade, melhor preço – por cada hipermercado que nasce há um milhar de figueirenses a celebrar a queda do preço do fiambre.

Do lado do decisor político prevê-se mais receita, mais emprego, mais rotunda.

Na minha opinião, trata-se de política de desenvolvimento local assente em escassa criação de riqueza, emprego de baixa qualificação e a caminho da extinção, e descaracterização urbanística permanente. É um caminho, com outro qualquer. Mas de sustentabilidade duvidosa.

E a descarbonização? Calma. Sejamos justos. A descarbonização também se combate com a reprodução de hipermercados. Para quê pegar no carro para ir às compras se, a este ritmo, cada um de nós terá um hipermercado à porta?

já que aqui estás