Na Rua das Carmelitas, mais precisamente no número 34, 2º andar, vivia uma senhora a que ninguém conhecia o nome. Tanto os vizinhos como os que não eram vizinhos tratavam a senhora por “A Senhora”. Porque ninguém lhe conhecia o nome. Falavam assim da Senhora: “A Senhora isto… a Senhora aquilo…”.
Os anos foram passando e A Senhora foi ficando cada vez mais velha. Aos poucos, tanto os vizinhos como os que não eram vizinhos deixaram de tratar a Senhora por A Senhora e a Senhora passou a ser conhecida como A Velha. Falavam assim da Velha: “A Velha isto… a Velha aquilo…”. Como a Velha estava a ficar velha e lhe custava subir e descer escadas, a Velha mudou-se para o 1º Andar, onde vivia uma Vizinha a quem a Velha não conhecia o nome, e que por isso a tratava por A Vizinha. Falava assim da Vizinha: “A Vizinha isto.. .a Vizinha aquilo…”. E a Vizinha foi viver para longe.
Mais anos passaram e a Velha foi ficando ainda mais Velha. Tão velha estava a Velha que tanto os vizinhos como os que não eram vizinhos foram ficando com pena de ver a Velha tão velhinha. E daí por diante passaram a tratar a Velha por Velhinha. Falavam assim da Velhinha “A Velhinha isto… a Velhinha aquilo… ”. Como a Velhinha estava muito velhinha e lhe custava subir e descer escadas, mudou-se para o rés-do-chão onde vivia um homenzinho a quem a Velhinha não conhecia o nome, e que por isso o tratava por Homenzinho. Falava assim do Homenzinho: “O Homenzinho isto… o Homenzinho aquilo…”. E o Homenzinho foi viver para longe.
Poucos davam por ela, mas no 3º andar do nº34 da Rua das Carmelitas vivia uma velhinha ainda mais velhinha que A Velhinha do rés-do-chão. Por ser a velhinha mais velhinha do prédio, todos lhe conheciam o nome: Ermelinda. E falavam assim da velhinha Ermelinda: “A velhinha Ermelinda isto… a velhinha Ermelinda aquilo…”. Com os anos a passar, a velhinha Ermelinda, de tão velhinha que estava, deixou de conseguir subir e descer tantas escadas, e mudou-se para o rés-do-chão, onde vivia a Velhinha. E a Velhinha foi viver para longe.
Muitos anos mais tarde, encontraram-se ao longe a Velhinha, a Vizinha e o Homenzinho. A Velhinha disse à Vizinha: “Lembra-se de mim? Sou a Teresinha!”. A Vizinha disse ao Homenzinho: “Lembra-se de mim? Sou a Tininha!”. O Homenzinho disse à Velhinha e à Vizinha: “Lembram-se de mim? Sou o Homenzinho!”.
“Sim, nós lembramo-nos!”, disseram a Velhinha Teresinha e a Vizinha Tininha. “Mas como te chamas?”. O Homenzinho respondeu: “Não sei. Não sei como me chamo. Mas vou a correr perguntar à Velhinha Ermelinda”.
E lá de longe o Homenzinho correu durante 3 dias e 3 noites até chegar ao rés-do-chão do nº34 da Rua das Carmelitas onde vivia a Velhinha Ermelinda, que saudou o Homenzinho: “Bom dia, Zitinho!”. O Homenzinho Zitinho correu de volta para longe, durante 3 dias e 3 noites, mas já não encontrou a Velhinha Teresinha e a Vizinha Tininha, que partiram sem saber o nome do Homenzinho.
Mas tu sabes!